terça-feira, 31 de março de 2015

A Cauda Longa - Capítulos 1 e 5.

Capítulo 1 


No ano de 1988, o montanhista inglês Joe Simpson, escreveu um livro de pouco sucesso chamado “Tocando o vazio”. Anos depois, no lançamento de outro livro com uma temática parecida, “Tocando o vazio” começou a vender novamente e, desta vez,  obteve sucesso. Esse tipo de acontecimento, relata o fato de que a indústria de entretenimento que antes baseava-se em hits, hoje, no século XXI, concentra-se em nichos. Os consumidores estão cada vez mais interessados em catálogos, com o intuito de vasculhar uma longa lista de títulos disponíveis. E quando mais vasculham, mais descobrem novidades e acabam gostando.

Tendo em vista esse novo tipo de indústria, as empresas têm como problema principal a necessidade de encontrar públicos locais. Muitos produtos de entretenimento capazes de atrair grande público, não superam as dificuldades do varejo local.

Durante o último século, a indústria do entretenimento achou uma solução para esses possíveis problemas: focar nos grandes lançamentos seria a grande estratégia, afinal, os hits não param de vender. Porém, a grande maioria dos consumidores querem muito mais que hits, tendo em vista que, a preferência das pessoas em alguns pontos se distanciam desses mesmos hits.

Esse tipo de economia movida a hits, ocorria num tempo em que não havia espaço suficiente para oferecer tudo a todos. Hoje, com o varejo online e a distribuição encontra-se um mundo de abundância. Porém, os grandes sucessos rendem um bom lucro, sendo assim, qual a justificativa para se incomodar com “fracassos” que vendem pouco?

É necessário “incomodar-se” a partir do momento em que esses “fracassos” se tornam a cauda longa. Afinal, tomando como exemplo a música, em plataformas online é possível encontrar aqueles velhos sucessos, as gravações ao vivo, as remixagens, etc. Dessa forma, a vantagem da cauda longa é a grande variedade, a qual é tida, muitas vezes, como prioridade por grande parte dos consumidores. Quando se trata desse assunto, a maioria dos negócios da Internet se utilizam dessa conduta, como o Google, que ganha boa parte do seu lucro com pequenos negócios.

Entende-se que, a grande maioria das mercadorias não está disponível em lojas físicas, dando vantagem ao meio online; o qual não limita escolhas.


Capítulo 5

A partir da mudança na indústria de entretenimento, surgem os Pro-Mas, amadores que junto com profissionais ajudam em determinado conteúdo, como aconteceu na Astronomia, em Kamiokande II onde os próprios amadores ajudaram a detectar 24 neutrinos em uma determinada explosão que acontecia na época. Isso se tornou possível através  do computador e de suas ferramentas de produção democratizadas.

Isso também ocorre com os blogs, devido ao advento de softwares mais simples e com custo menor, a editoração tornou-se simples e acessível a todos. O mesmo acontece com a edição de fotos por computador, jogos que estimulam os jogadores a criarem suas próprias alternativas, publicações de livros impressos por encomenda, etc. Entende-se que, os consumidores deixam de ser passivos para serem produtores ativos. O Wikipédia é um grande exemplo a ser citado, na medida em que é uma enciclopédia aberta e coletiva, tendo mais de 860 mil artigos em inglês quando comparado com os 80 mil da Britannica e com os 4.500 da Encarta.
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Porém, surge uma dúvida. Seria o Wikipédia, com toda essa “abertura” de edição feita por qualquer pessoa, confiável? A grande vantagem, é que o sistema se beneficia da sabedoria de muitos, tanto em profundidade quanto em amplitude. Porém,  a Wikipedia deve ser a primeira fonte de informação, e não a única. Deve-se explorar informações tendo em vista que ela não deve ser a fonte definitiva dos fatos.  O que torna a Wikipédia espetacular, é sua capacidade de melhorar devido a seus colaboradores, os Pro-Mas. Além disso, a Wikipédia oferece um grande número de verbetes sobre variadas temáticas, dessa forma, incluindo todos os hits numa enorme quantidade de nichos. E por que criar algo sem uma perspectiva de remuneração? Essa questão é fundamental para se compreender a Cauda Longa. Pode-se dizer que a Cauda Longa começa como economia monetária tradicional na cabeça e termina como economia não-monetária da cauda.

Por fim, o texto mostra que produtores de todos os tipos, começam na cauda com poucas expectativas de sucesso comercial, podendo se arriscar por terem menos a perder. Com as ferramentas de criatividade, agora baratas, o talento é distribuído de maneira mais dispersa. Tendo em vista essa discussão, a Cauda Longa poderá se transformar a área crucial da criatividade, onde as ideias irão se desenvolver e consequentemente, se transformar em sucessos comercias.


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