O texto começa relatando a
história de Perlae Wait, um carpinteiro de Nova York, que se dedicava a
empacotador de remédios patenteados nas horas vagas, e certo dia em 1895,
sentado à sua mesa de cozinha mexia na gelatina que acreditava um dia fazer
bastante sucesso. Perlae queria muito entrar no novo negócio de alimentos
embalados e achava que a gelatina seria o grande sucesso se ele conseguisse
descobrir como torná-la mais atrativa.
A partir disso, percebeu que as
gelatinas com sabor poderiam vender mais, de modo que, misturando os sucos de
fruta além de açúcar e corantes alimentares, a gelatina poderia assumir uma
forma transparente e ao mesmo tempo divertida. Para distanciar ainda mais o
produto das suas origens de matadouro, suas esposa, Mau, rebatizou o produto de
Jell-O. Tinha tudo para ser um sucesso. Mas não foi. O Jell-O era um alimento
estranho demais e uma marca desconhecida para os consumidores daquela época,
que valorizavam as receitas vitorianas. Durante dois anos, Wait tentou instigar
o interesse pela gelatina mas não obteve sucesso. Desistiu e em 1899 vendeu sua
marca registrada por $450.
Woodward era um ótimo vendedor e
morava no lugar certo. A cidade de LeRoy se tornara uma espécie de incubadora
de produtos do século XIX, mais conhecida por seus fabricantes de remédios
patenteados. Porém, até a empresa de Woodwars, a Genesee Pure Food Company,
teve dificuldades de encontrar um mercado para a gelatina em pó. Era um produto
novo e desconhecido e consequentemente muito difícil de vender.
Dessa forma, em 1902, Woodward e
seu diretor de marketing, William E. Humelbaugh, tentaram uma nova saída. Eles
elaboraram um anúncio proclamando a Jell-O como a sobremesa mais famosa da
América, explicando as vantagens do produto, que podia ser servida de diversas
formas. A partir de então, Genesee imprimiu dezenas de milhares de panfletos com
receitas do Jell-O e os entregou a seus vendedores para distribuí-los de graça
às donas de casa. Viajavam pelo país em suas carroças, proibidos de vender
porta a porta sem uma licença de vendedor ambulante, porém, os livros de
receitas eram gratuitos. Podiam bater às portas e dar à dona da casa um livro
de receitas grátis, sem compromisso. Depois disso, espalharam para os
comerciantes que em alguns dias consumidores iriam atrás da Jell-O, e o convenceram
a comprar o produto. Em 1904, a campanha se transformara em um enorme sucesso.
Dois anos mais tarde, o Jell-O atingiu a marca de um milhão de dólares em
vendas anuais. O Jell-O se tornou item obrigatório em qualquer cozinha americana. E assim nasce uma das ferramentas
de marketing mais importantes do século XX: dar uma coisa para criar demanda de
outra.
Ao mesmo tempo, o exemplo mais
famoso desse tipo de marketing estava sendo maquinado em Boston. Aos 40 anos, King Gillette era um inventor
frustrado, um anticapitalista amargurado e um vendedor de tampas de garrafa
revestidas de cortiça. Apesar de todas as ideias, energia e dos pais ricos, seu
trabalho rendia poucos frutos. Tinha ideias, mas todas elas um fracasso.
Um dia, fazendo a barba com uma
navalha gasta, ele teve a brilhante ideia de criar uma lâmina fina de metal que
pudesse, além de ser mais prática no ato de barbear, ser descartado quando já
gasto. Alguns anos de experimentação metalúrgica mais tarde, nasceu o aparelho
de barbear seguro e descartável. Mas não foi um sucesso imediato. Durante anos,
tentou várias estratégias de marketing para que produto fizesse sucesso. Barbeadores
eram vendidos com praticamente tudo, desde chicletes da Wrigley a pacotes de
café, chá, temperos e marshmallows. Os brindes ajudaram a vender esses
produtos, mas a tática ajudou a Gillete ainda mais. Ao vender um produto barato
para os parceiros que davam os aparelhos de barbear de graça, eles criavam uma
demanda por lâminas descartáveis. O verdadeiro lucro da Gillette provinha da
alta margem das lâminas.
Surgindo com esses experimentos
no início do século XX, o Grátis abasteceu uma revolução do consumidor que definiu
os 100 anos subsequentes. A ascensão da indústria publicitária e o surgimento
do supermercado fizeram do consumidor o “apaixonado” pelo Grátis. O rádio e a
televisão aberta uniram uma nação e criaram um mercado de massa. “Grátis” era a
“moda” do marketing moderno, e o consumidor nunca deixava de responder.
Hoje, no início do século XXI, está
se inventando uma nova forma de Grátis que irá definir a próxima era. A nova
forma de Grátis não é um truque para transferir dinheiro de um bolso para outro,
é impulsionado por uma extraordinária nova capacidade de reduzir os custos dos
bens e serviços a quase zero. Essa nova forma de Grátis está baseada na
plataforma digital.
Uma década e meia depois do
grande experimento on-line, o grátis se tornou o padrão, e o pagamento se
tornou um caminho para a obscuridade. Em 2007, o jornal The New York Times foi
disponibilizado gratuitamente on-line, assim como grande parte do conteúdo do
Wall Street Journal, usando um inteligente modelo híbrido que disponibilizava
as notícias gratuitamente onde as pessoas podiam compartilhar as notícias. Além
disso, bandas de rock passaram a divulgar suas músicas online, ao perceberem
que isso lhes poderiam garantir mais fãs. Hoje em dia, os modelos de
negócios mais interessantes estão descobrindo maneiras de ganhar dinheiro em
função do Grátis. Cedo ou tarde, as empresas terão que se adequar a isso,
descobrindo como se utilizar do Grátis.
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